*J'ai peur de devenir un adulte sans rêves*

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Bilhetes divagantes...


Agora não consigo mais pensar. Não me atenho ao que devo, nada sinto além deste sentimento desconhecido.
Tua presença tão forte na ausência, até teu cheiro impregna minha mente. Uma dor deliciosa me toma.
Pensar no que dissemos faz meu tempo flutuar. Divago em lembranças inventadas do que gostaria de ter e fazer. Fico confusa meu caro. Pergunto-me se ando entendendo ou iludindo a mim mesma.

Contente-mente-pecado

Como pode-se dizer através de um inquieto olhar o que se sente? Cada movimento desconhecido surpreende. E dos dedos, e da pele flui tensão em forma de calor. Morno. Apenas sentimos.
Ambos parados, frente a frente, calados. Ou de bocas abertas, preenchendo a vontade com o vazio.
Cinco minutos separam. Milhares de olhos separam. Uma taça de lágrimas.
Porque não um pôr-do-sol com cheiro de jasmim?
Uma maçã mordida. Uma cama suada exalando contentamento...

Pai

A ignorância é tão fascinante. Ela se enche de autoridade para ditar o que pensa que sabe.
No mais alto posto desta pirâmide imunda e mal julgada, mal pesada, lá está. Cada palavra acolhida a base da porrada, do medo. Ideias enfiadas goela a baixo, tão baixo que não nos dá chance de vomitar.
Ela usa um rosto habitual. Te dá a mão pra ajudar, abraços pra acalentar. Mas basta sairmos do plano e pronto.
Nos culpamos pela falta de sabedoria tola, pela carência de pensamentos simplesmente reproduzidos, copiados.
Não me entristecerei por não contentar-me mero papagaio de pirata. Não sacrificarei minha ciência em nome do amor, da família, do governo, do padre ou do pastor. Seja o que for. Desculpe Senhor, mas acredito que não é o que queira pra mim.

Composição


Olhar o tudo nos faz perceber que nada é sem razão. As vezes sentimos solidão e quando a tristeza aparece a abraçamos, nos afundando na depressão.
Porque nos mal tratamos tanto? O mundo esta aí, sem ponto final. Cada som em seu tom singular. Tonalidade.
Hoje o céu esta azul, ou eu que só percebi agora o quão imenso é esse mar sobre nossas cabeças? Em todos os passos errados ainda estaremos sob este mesmo céu, podemos voltar e reencontrar a paz.
Minhas paredes não me prendem. Mesmo que as grades me bloqueiem parte da visão, posso ver o chão cinza, o vento calmo a sorrir pra mim com o teu rosto, tão familiar. Ele trará teu beijo.
E o mundo sou eu. E tudo meu é parte dele. No ímpar e no todo. Tudo esta em mim.
Você e/m mim.

sábado, 26 de maio de 2012

Utopia


Em quantos traços desenharei minha história? Será bonito... Quantos sabores terão minha existência? Cada gosto um alguém, um amor, uma decepção, uma boa lembrança... Me vejo pensando em tudo que passou e nessa imensidão abstrata que revela um novo vislumbre do que esta por vir... Mas o que virá afinal?!
Busco não viver baseado em coisas tolas como destino ou karmas, mas chega a ser gostoso acreditar que temos um futuro bom pré-programado. Um está-por-vir claro esperando pra acontecer, coberto por um véu prestes a cair e se revelar...
Queria acreditar que tudo que fica é bom e o que passa tem um motivo... Assim não me culparia, nem te culparia por ter me deixado, não sentiria essa falta tão presente na tua ausência... Assim eu viveria em paz! Deixando tudo passar, levando um pedaço de mim, um aroma, um beijo, em fio de cabelo morto...
Em algum lugar bem longe está alguém que eu jamais conhecerei, me esperando... Alguém que entenderia meus olhares, medos e pensamentos sem eu ter que explicar... Num universo paralelo qualquer eu sou completa!

Anátema

Quando se pegava pensando em tudo o que foi, e em tudo o que podia ser, o tudo aquilo que era lhe passava a rasteira. E se arrasta! Constantemente. Com tudo aquilo que sobrou. Sobras que parecem sombras de um banquete indigesto, nada balanceado de satisfação. Sem salada, sem cor, triste e frio.
Rastros, é o que vê. Passos, só no caminho ao lado.
Ovelha desgarrada, pesaram-lhe a consciência, cabeça adestrada. Joelhos sempre dobrados em orações, submissões e anulações. O nada dobrado.
Sem o jugo do libertador, em nenhum caminho sabe andar. Ainda não pode. Ainda não sabe. Arrastar-se é o que pode, arrastar-se é o que sabe. 
Por falta de alimento jejua o espírito. Dê a carne o que é da carne e ao espírito o que é do espírito. Ainda não se entende.
Infiel!

Por: Jonathan Oliveira.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Com a letra M


Digo-lhe algo sobre mim caro senhor. Sou carne e osso, dúvidas e desrespeito a certos preceitos que nos cercam e sustentam idéias tão antigas que as vezes acreditamos ser as certas.
Sou a complexidade do nunca contentar-se e a superficialidade dos desejos jovens, imediatos, tolos... Me lisonjeia muito mais que imaginas que a personificação seja feita por tal caneta, mas não me agrada de todo pois não sou eu!
Algo falta. Quando me retrata não procura minh'alma. Atem-se a pele, pêlos, sorrisos, uma pureza utópica... Não enxergas minha natureza profana, portanto não me amas! Não desejas... Essa é minha maior fraqueza.
Quero que sintas além da pele, profundo, que sinta e se deixe queimar, levar pelo fogo, fogo que só consome a mim mesma... Que veja mulher em seu jubilo, jubilo este causado por ti.
Afasto a idéia de ser teu anjo, ela me deprime... Pois o que alimento por ti não é nada puro, nem tão pouco casto ou ingênuo!

Fim

Sei que não há motivo... Não me destes nenhum sequer. Seu efeito brota da simples existência... Me sinto tão sozinha quando vejo o mundo de mãos dadas, e sinto tão pior quando não vejo as suas livres.
Se chorar adiantasse eu o faria, sem vergonha me desfaria em milhões de pétalas amassadas, desenganadas, arrastadas... Me levaria embora se no retorno você lá estivesse pra me colher, recolher, remontar, curar!
Mas a visceral verdade é que não existem universos paralelos, nem flores perfumadas, nem subterfúgios onde nos encontraríamos e mais nada... Aqui eu sepulto qualquer sentimento além do apresentável e me vejo simplesmente tomada pelo cansaço... Nada de guerras ou crises solitárias, não quero mais me destruir tentando achar a receita... Apenas deixarei pra lá o que você nem sequer suspeita.

the angel in the trash...

Enfim sinto-me voltando ao normal. Digo... Meu normal, meu viva meio morta. Algo dentro me faz um terrível bem... Estava andando em lugares desconhecidos e isso assustava! Uma esperança, uma alegria irracional, ansiedade voraz de coisas que não tinham porque... Agora, um tanto mais calma, me recomponho... Liberta dessa liberdade volto a sentir o velho nó na garganta, aí... Não há quem entenda como é bom voltar...
Meu lugar é esse. Não me sinto bem se não no triste sentir. Há uma leveza neste pesar, a verdade é que só me reconheço assim... É uma explicação de só saber se viver... A embargada dor, sem lágrimas, sem desespero, apenas contínua como um rio calmo e resignado... É assim que eu venho e é assim que vou.
Seca, com os sentidos e sentimentos na medida certa para resistir e persistir. Com os estoques cheios para explodir quando for preciso. Isso tudo eu sinto, praticamente exalando de mim, como uma aura, uma marca, uma vibração que diferencia de qualquer outra criatura...
Não quero mais nada, porque quando quero não o tenho. Prefiro meus textos surrados, meu coração fechado e minha mente aberta. Aprendo a valorizar o que preciso... Sem querer sentir-me parasita, sanguessuga, mas o que me adiantaria consumir mais que o que me supra?!
Digo... Me sirva simplesmente o que preciso para existir e nada mais... Então, por fim vivendo de tudo, do nada, do lixo me tornarei indestrutível...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Escondo...

Estou eu aqui, buscando uma maneira de te fazer entender, mas com medo que entendas... Meu fruto de inspiração e meu absorsor. Preciso dizer mais alguma coisa? Sem meias palavras tiro de ti tudo que ofereço-te, e é natural pois já era teu desde o começo.
Como não enxergas, ou será que por trás desses olhos verdes existe o desejo de não entender? E o que acontecerá se por um acaso te mostrar como faço com todo o resto... Será que continuará?
Não entendo como isso acontece, de fato preferiria que não acontecesse... Me frustra não comandar esse desejo que me permeia.
Já supus milhões de coisas, e nada concluí. Admiração, sei que sinto... Explicável, óbvio. Me causa alegria porque sua presença faz isso com todos que te conhecem, outro fato. Me faz sentir especial por apreciar o que eu faço... Sei que isso me envaidece, mas não a ponto de explicar essa atração que não consigo deixar de lado, vontade de estar ligado... Ir além das palavras.
Confuso...
Adoraria ter a certeza que te mostrando esse texto não me afastarias. Que entendesse que sua amizade me basta e supre, mesmo que não me dando tudo, me preenche mais que várias vidas vazias que passam e nada deixam...
Ah, sem ter mais como prosseguir apenas deixo esses pensamentos em suspenso neste papel, cheio de palavras que não pretendo passar-te...    

De todas as tribos...


Ando sozinha e por isso escrevo. Se é bom ou não... Bem, eu não ligo. Vou na contra-mão, passando sinais vermelhos, mas na solidão não há quem me recrimine. Estou buscando um lugar bonito, onde tenha brisa e calor humano... De certa forma estou em paz, já não me incomodo com o incômodo.
As pessoas não acreditam que a vida pode ser fácil. Eu também não. Mas me pergunto, se somos cercados de meias verdades que nos mantêm seguindo, porque não acreditar nessa que nos traria tanta alegria? São momentos que me façam pensar assim que estou buscando!
Árvores, pessoas, animais e canções. Belas fotografias, rostos alternativos, movimentos sociais, a festa, os tecidos circenses nos galhos. Gente voando. Lindo. Livros antigos espalhados no chão. Juraci Siqueira recitando aos curumins. O futuro do presente, declamado pela voz do passado. O cheiro de patchouli me encanta, me faz parar, eu nem lembrava disso! Taí um aroma que eu sentiria o dia inteiro...
Caminhar e simplesmente contemplar, sem desejar nem por um segundo estar em outro lugar... É, foi assim, na praça da república num domingo de manhã que eu verdadeiramente me apaixonei por Belém do Pará.


 

Confesso


Tiro as vestes. Nua, entrego-me, veja por  inteiro! Exponho tudo, será verdade? Mostro o que sinto, digo-te sem medo o meu segredo... Você pálido age como se fosse impossível, ilusão... Me vira as costas, verdade descartável, e o que todos sabiam se concretiza... Perdi você meu caro!
Essa hipótese me tira as forças, vou desaparecendo, dissipando... Escolho manter-me firme, calada, para que eu deguste pelo menos essas pequenas porções, doses homeopáticas de você!
As vezes creio ser o caminho certo, esse ter que contentar-se me incomoda, por vezes retrocedo. Em alguns momentos quero acreditar que já tenha conhecimento, isso seria um alento. Me diga que compreendes, que aprecias, que quer desfrutar do mesmo ponto! Isso me bastaria, um toque e me dominaria... Ou simplesmente pare de ser tão amável, meu amor, pelo menos me tire as dúvidas, pois a cada segundo vejo-me perdendo a cautela... E pior que ter-te aos poucos é essa dor branda, rareada por você.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

"A realidade não é o que parece"


Carne morta. Cutícula da existência. Enquanto você passa a vida batendo seu martelinho no ritmo pessoas estão morrendo. Você não vê?! Nascer, crescer, fazer filhos, morrer. Casinha com varanda e cercado branco. Brando. Suas fendas vedadas, pra você as vozes veladas.
Injusto. Porque peças estão no encaixe errado? Pérolas aos porcos mais que ditado é fato. Com a respiração vem a pontada aguda. A garganta arranha, os pés tocam o presente imundo, quem de nós mergulhará, tocará no fundo?!
Agora ela abre os olhos. Espanto. Pobre coitada achava que se enxergava. Apontava o dedo, também estava errada. Uma pseudo-revolucionaria. Uma dose de auto-piedade, uma nova voz, um grito. Não existe nada que abafe o som de olhos e ouvidos. Arrependimento.
Agora encara a claridade. O costume trás a liberdade de olhar. Além da guerra, agora tens a arma. Deixa pra depois o que te prende, e que esse depois jamais te encontre. 
Ela já não deseja cercado branco. E o único ritmo que lhe apetece é o dos pés ciganos batendo na areia, espalhando centelhas, fazendo breves promessas, juras imediatas... Que tudo se transforme, que o lado bom nos ache, que os iguais se salvem, que a geração trocada não morra.... E que o resto exploda! 

dor


Tira  isso de mim. Esse desejo exposto ao sol que faz queimar... Hoje estou assim, aqui fechada mas louca pra evadir. Andar por aí, passando debaixo das mangueiras, sentindo o vento e a vida, sem pensar no tempo. Queria estar com ele, que bobagem a minha...
Tirar-lhe da cabeça se torna uma opção mais difícil e inútil a cada vislumbre. Cogitar parar de escrever sobre, mesmo que sejam bobagens românticas, me faz cada vez mais triste. Já que não posso expressar-lhe então que eu consiga transformar tudo em algo alheio a mim.
Sim, alheio... Porque quando escrevo, e como escrevo, pode tanto ser por prazer, por tédio, ou para tirar essa chama de meu centro. No seu caso, meu caro, escrever para ti que não posso dar rosto ou nome me faz ter um tanto mais de calma, não paz, nunca paz, mais algo que acalenta. Jogar esses pensamentos, sentimentos, desejo, tudo fora de mim, apesar de me sentir mais pressa a cada palavra. Vomitar minha angustia por saber meu triste fim...
Eu que sempre fugi, nunca me prendi, dispersa do mundo, querendo passar por tudo de uma vez me vejo agora parando em ti... Como me sinto idiota. Me sinto mais que isso, me sinto uma garotinha, um perfeito clichê!
Se eu pudesse... Ah, eu arrancaria com as duas mãos meu coração confuso e covarde, e seguiria em frente assim.... Sem dúvidas, sem medo, sem sonhos bobos e sem você!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vestido


Vi o que lhe fizeram, e não pude reagir. Atiraram água benta para tirar visão. Quiseram te mudar, metamorfosear, em nome de Deus. E porque? Pra que meu Deus?
Te apontaram nas ruas e tentaram calar. Deram milhões de nomes para ludibriar. Riram e fizeram piada, mas quem são os palhaços? 
Te usaram, comeram, cuspiram e agora se acham limpos?! Esconderam tudo aonde... Ah, a velha arte de jogar pra baixo do tapete...
E essa raiva, toda ira direcionada como tiros que vão direto ao coração de quem só quer amar... 
Essa pele é só pele. Essa carne é isso. Sem o sentimento e o movimento o que resta é morte, Um monte de nada sem porque. Deixe ser...
Não se limite a transparecer o que dizem ser correto, e se isso é o que quer não crucifique quem prefere se jogar, viver o que deseja com a certeza que dessa vida o que fica é nada, nada além do prazer de ter vivido!
Então cresça. Cresça até não aguentar mais. Habite esta pele por inteiro. Cada um no seu, ou todo mundo onde for aceito. Se a língua valer, poque não o beijo? Vamos experimentar! 

hors de moi...


"Não vou me adaptar,
 Muito menos me desesperar.
 Há uma razão de ser para habitarmos este planeta, objetivo definido, missão a cumprir?
 Afinal, qual é nosso papel?
 Sei não,
 Só sei que não vou me adaptar!" 

Reconhecer-se é mais que uma simples capacidade, é uma necessidade. Saber de que você é composto, suas doenças espirituais, seus instintos e desejos... Enfim, mas saber-se por completo é praticamente impossível, e os que tem essa tendência a descoberta, como eu, passam a vida na procura.
Bem, até agora recolhi milhões de amostrar pessoais e um certo tópico me instigou e explicou alguns outros... Não posso dizer que minha infância foi maravilhosa ou terrível, pelo simples fato de não recordar-me de nenhum acontecimento anterior aos meus quatorze anos, ou pelo menos não com clareza e na linha do tempo. Mas em minhas poucas memórias soltas tenho a sensação que não foi lá essas coisas... Sei que eu era o patinho feio, e que as pessoas não falavam muito comigo, é claro que com o tempo eu contribui me tornando uma eximia ante-social. Minha auto-estima nunca foi boa, acho que até hoje me sinto triste com coisas em mim, físicas e as vezes mentais... Mas a diferença é que agora luto contra, ou tento.
Não lembro de ter encontrado alguém com idéias sequer próximas as minhas, era muita bobagem, muita falta do que pensar, do que querer, sei lá. Então me fechei cada vez mais em meu "Fantástico mundo", que era tudo, menos fantástico.
Creio piamente que aprender a viver sozinha tem prós, mas prefiro focar nos contras, porque eles me perseguem. E tratando do que mais tem me importado no momento, cheguei a conclusão que acabei uma pessoa extremamente egocêntrica, outro mal que venho matando aos poucos desde que me dei conta a uns anos atrás. Não é fácil, não é só um anexo facilmente destacável e sim parte vigente de meus atos e  personalidade. E mostro isso em pequenos detalhes...
Não consigo escrever algo que não seja meu, mim, preciso chorar minhas dores e externar o que nunca pude, ou quis... Sempre digo que quero absorver o mundo, misturar, mas agora vejo que não seria pra me acrescentar em si, apesar que essa seria uma das óbvias consequências, e sim porque a partir daí o mundo faria parte de quem sou e então se tornaria mais sedutor, interessante, escrevivel!? Se é isso então me entristeço por ter acreditado que estava me adaptando, quando na verdade venho andando na contra-mão de minhas atuais ideias... 
Voltando a mim (que novidade), sei que sou tinhosa, e nem acredito que de fato queira me misturar, adaptar, mas também não quero me deixar vencer por nada disso, quero derrubar as barreiras, de fora ou dentro, então espero conseguir expandir minha visão de mundo, e nesses anos que se passam continuar aprendendo, como já venho, a me importar com o que me rodeia, e de fato é importante, sem perder a individualidade que me marca, mas transformando-a em algo que venha a meu favor.
 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

"Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios..."

Não pode ser, custo a crer, não posso ter... Se quero sentir, devo fugir. Eu sei!
Algo em mim pulsa, me empurra, me alegra... É momentâneo... É simplesmente errado.
Meu desejo é pecado. Pecado de perda. Um erro e tudo se põe. Fim.
O que sei é que não posso deixar, uma tortura é limitar e me fazer resumir a meras palavras.
Essa minha vontade, essa minha explosão, sinto que não é pura vaidade, queria deixar-me em tuas mãos, apenas cuide de mim.
Mesmo que não seja o que quero ouvir, que saia da tua boca. 
Que invada a minha. Textura. Gosto. Apenas posso deduzir... Triste.
Reprimir... É tudo que não quero. E é tudo onde me agarrarei, e farei para simplesmente não confundir...
Meu caro, meu corpo exprime quando queima o que queria dizer, tremendo a simples possibilidade, apesar de que suponho indizível o que desejo ter. Porque o que eu quero de ti não é pura carne... Não! É tudo. Porque pele eu encontro nas esquinas, vendidas a preço baixo, exigindo em troca o troco, moedas de latão... O que espero de ti é corpo e mente, e conselho, o doce e o ardente, pois cobra e pede de mim o melhor e o mais difícil. E em ti tudo se torna admirável... Mas creio que devas ter por mim afeição cordial, e eu devo ter-te como ser contemplativo, inexplorável, platônico... Enfim, impossível!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Velhas novidades...

DE UM ETERNO DIVAGADOR...
Amanheci trocada. Parece que em mim algo faleceu, se perdeu entre minhas idéias... Estou tremendamente incomodada, como que milhões de olhos me analisassem os males.
Estou morta, triste, nem sei de onde isso surgiu, estranho!
Ando escrevendo pelo simples ato. Já não carrego o mesma intensidade, tudo pra mim anda fedendo, tudo é lixo. 
Ontem caminhei sozinha, estava exausta mas caminhei. Sentei-me em um banco debaixo de uma árvore velha e escura, acendi um cigarro, traguei e abri o caderno... Meia dúzia de palavras... Escuro, crianças, melodia, fumaça, mesmice e mais algumas... Foi uma sensação nova, sair do mesmo para escreve-lo, deveria sentir-me feliz... Ou qualquer coisa próxima disso. Mas não!
Respirei e fiquei olhando atentamente pro campo, tentando com todas as forças tirar algo dali... Nada! Foi insatisfatório, mas sem dúvida foi o vázio mais gostoso que tive nos últimos tempos...

Quase um Segundo...

"As vezes te odeio por quase..."
"Tudo, que não me deixa em paz"
"Prendia o Choro e aguava o bom do amor..."

Uma procura tão longa por um momento tão ínfimo. É triste ver como entregamos os pontos por tão pouco, tão fácil. Eu procuro por instinto, caçador de mim vou. Sem sentir o sentido seguindo.
A ferida aberta revela mais que a carne exposta. Liberta e mostra nítido sentimento, dor, melancolia, peso.
Enfim algum sentimento... Perda.
Você que veio e desorganizou, mexeu, sentiu, sentimos... Mas veja que sua qualidade era tal que não sei como me tomou. A verdade é que a necessidade criada me dilacera agora que já não possuo aquele amor. Sinto falta de risos naturais, de beijos nem um pouco carnais, do calor, do conselho, dos problemas.
Agora que o sentimento ruim dissipou sinto algo pior. E como poderia eu supor, prever o que viria depois... Depois da mentira, depois da verdade, do estopim. Do orgulho que possuímos só sobra duas carcaças, carapaças escondendo sofrimento mútuo. Fazem poucos minutos que viramos as costas, que viramos passado... E já sou assim, extremista, dramática, solitária, nos conhecendo, íntimos da empáfia, não deixamos pra lá, não nos deixamos voltar atrás, voltar pra nós...
Enfim, palavras escondidas, secretas de um alguém qualquer as traças, na sarjeta do sentimentalismo barato, com a taça meio vazia e um cigarro meio molhado, de baba e lágrimas de quem vai te amando depois do ódio agudo...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Sophia.

Finito. Eis que acaba o açoite da carne. O cheiro de vinagre exala e os risos desvairados rompem o silêncio. Pequenas gotas carmim de sal desenham o chão, as velas revelam as sombras... Trepidam em rodas de crianças, crianças que cantam e rodam. Os risos. Ninguém desistiu.
Sobre a grama verde um homem livre, o sonho, sem tiras de couro, com o couro intacto... E tudo ali iluminado.
No quarto vazio a brisa chorosa. Única testemunha. O crime. Ela se jogou do 9º andar.
A carne, o sangue, o homem no chão. Vivo.
A grama, o homem, a iluminação.
O quarto, a brisa, a morte.
Morte.

Não se sente tormenta que não seja a interna...


Estou suspensa. Essa é a sensação. Dois ou três finos fios que vão me cortando e segurando no ar, mas já não sinto. Duas ou três gotas de esperança, água e sal, que não se sente... Não sente, nem bom nem ruim, nem nada.
Estou seguindo os trilhos porque são sólidos, eu estou presa. Quando um caminho é a única coisa que se apresenta o jeito é seguir. Mesmo de olhos fechados o sinto.
Estou calada. Cansada de reclamar o que não passa. Meus desejos, minha carne, minha alma. Ando frustrada, fraca, mas sentada confortavelmente nesse calma que me abranda e só piora tudo. Não gosto do tranquilo, do silêncio, só sinto vazio.
Está tudo muito simples, direcionado, todos os passos já marcados, não me sinto complicando nada, mas se descomplica perde o sal. Não serve. Sentir por sentir, querer por querer, viver sem viver. Máquinas programadas para seguir uma luz imaginaria que nunca se apresenta de fato, a ilusão de dignificação social. Tudo me irrita, mas ando sem forças para protestar. Me sinto como os outros, só aceito!
Ultimamente tenho chorado com as mão na boca, no canto mais longe da porta do meu quarto, pensei ter secado mas não! Ultimamente tenho ficado quieta e sorrido quando me lançam um olhar, concordado com a cabeça as piadas sem graça... Ultimamente tenho deixado de ser assim, como sou.
Nesses dias sem inspiração, a única coisa que me resta é lamentar. Em palavras que não se escrevem, nem se falam... Só molham o rosto e balançam o coração dentro do peito ferido e ensanguentado de vida morta.
Preciso te encontrar logo, antes que me consuma nessa desgraça auto-imposta, essa sentença solitária... Por favor me encontre...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Peractorum...

Ontem tive mais um daqueles momentos extremamente agradáveis, daqueles que acessamos com nostalgia nos dias difíceis. Saí sem rumo com um velho amigo, relembrando tempos mais fáceis e como reclamávamos dizendo serem os mais complicados. Olhamos  a noite e fomos levados as memórias de madrugadas em táxis, a ansiedade adolescente do que estava por vir, festas borbulhantes,  champagne, alexander... Também lembramos o gosto doce do frapê de chocolate do  S'il Vous Plaît, do vinho tinto, do blues e o ar parisiense de certas partes da nossa querida Belém, ela não está morta para quem quer viver a meia noite.
Entramos em conversas existencialistas como não fazíamos a muito, chegamos a conclusões que nada concluiam, rimos, nos emocionamos, tivemos epifanias, estávamos no café com arte... Construção antiga, um barzinho charmoso com velas, povoado de cerveja e  cigarettes, de boa música, música calma, música de conversa, bossa!
Falamos sobre relacionamentos, o medo de estar com alguém e o medo de estar sozinho, sobre o que nos trás inspiração, o que escrevemos, ou escreveremos, e pra que escrevemos, ou escreveríamos, sobre o que sentimos e o que queremos deixar na terra, fazer sentir, sobre o receio de um fim iminente mais próximo a cada segundo, sobre a complexidade humana, e a simplicidade. 
Divagamos entre tragadas conceituando opiniões politicas e sociais. Brincamos de tirar o rei de seu pedestal e no seu local colocar Chico Buarque, Gal Costa, Ellis... Bem, por fim voltamos!
Mas ainda estamos lá... Sempre estaremos, é bom podermos nos encontrar nessas noites quentes de quarta-feira...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Para os que pensam estar sós...

Nunca viram ninguém triste?
Por que não me deixam em paz?
As guerras são tão tristes
E não tem nada demais
Me deixem, bicho acuado
Por um inimigo imaginário
Correndo atrás dos carros
Como um cachorro otário
Me deixem, ataque equivocado
Por um falso alarme
Quebrando objetos inúteis
Como quem leva uma topada
Me deixem amolar e esmurrar
A faca cega, cega da paixão
E dar tiros a esmo e ferir
O mesmo cego coração
Não escondam suas crianças
Nem chamem o síndico
Nem chamem a polícia
Nem chamem o hospício, não
Eu não posso causar mal nenhum
A não ser a mim mesmo
A não ser a mim mesmo
A não ser a mim

Pra vocês que se acham diferentes, que estão sem norte, sem sorte, sempre a procura de um desejo invisível eu digo não desistam, nem desanimem, nós estamos aqui!
Estamos em todas as partes, em todas as classes sociais, de diversas cores e crenças... Mas temos muito em comum! Vemos o mundo de um jeito diferente, sentimos a beleza e a dor de todos os tempos com o impacto de quem parece ter vivido tudo por completo, somos simplesmente sensíveis.
Adoecemos a alma com tanta frequência, mas somos fortes, lutamos. Choramos lágrimas de sangue e as colocamos no papel. Assim persistimos.
Buscamos sabedoria em lugares criativos, inesperados, e de fato por vezes chegamos a tudo menos uma conclusão exata, porém somos coesos, realistas, apesar de alguns incuravelmente românticos e muitas vezes dramáticos como eu.
Pessoas assim têm uma percepção diferente dos fatos, um saber muitas vezes desconsiderado, desvalorizado, sufocado, isso é triste.
Porque muitos de nós não destruiria o mundo com nosso conhecimento, no máximo destruímos a nós mesmos na busca, acredito que apenas praticamos a arte de contemplar, viver e ter discernimento.


Ao deus do Profano!


Gruda em mim cada pedaço teu, que o meu já se acaba. Uso tanto da alma que a carne reflete, estou cansada.
Me nutre, me leva, me faça poesias flutuantes. Joga fora o que está podre, fétido e preenche com saliva. Lambe, me cura as feridas, que a dor já não é motivo pra não querer. Compadece teu espírito, enxerga essa que vos fala com carinho, queira cura-la dessa vontade desmedida do que não se pode fazer.
Grava em mim cada palavra tua, e me torna mera boca falante reproduzindo qualquer coisa sem significado, que as minhas próprias já não tem sentido que não consumir-me a essência. 
Me livra de mim!
Me tira das noites insones, das vestes escarlate, me eleva aonde eu possa ter clareza, mas não clareza demais!
Me tira de mim!
Dessa caixa de ossos e carne, que não sabe seguir.
Dessa cabeça fragmentada de pensamentos que não sabe concluir.
Dessa vida cheia de decisões que não sabe tomar.
Dos amores que não consegue viver.
Das dores que não consegue livrar.
Amém! 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Poesia Imediata


Não gosto do organizado, correto, ajeitadinho. Meu negócio é a bagunça, a mistura, de preferência de coisas que todos supõem heterogêneas. Tenho essa pretensão de querer fazer mil coisas ao mesmo tempo mas acabo me perdendo em tudo que faço, é um erro achar que é mero defeito, as vezes é na confusão que me acho.
Os outros me olham duro e de certa forma estão corretos, mas coitada de mim que não sei viver a regra. Até minha inspiração surge na inconveniência, na pressão, na pressa, quanto mais ócio me é atribuído menos escrever me interessa. Quando estou atribulada, atarefada é que a vontade me inventa de aparecer... E eu que me acostumei a não deixar a chance passar apenas acato ao desejo, até nisso, em minhas necessidades inatas, sou mimada.
Sorrio toda vez que escrevo essa palavra, acho que é pelo fato de não acreditar muito que a escrevo. Não gosto de me apresentar dessa maneira, na verdade acho que a palavra que melhor me define é agora, sim, é isso, sou imediatista.
Imediatista de conclusões, sensações, gostos e sons. Imediatista de sentimentos, de pensamentos e inspirações. E é claro que por ser assim a única coisa imediata que me rodeia são frustrações.
As vezes não... Neste texto decidi não lamentar lamentáveis histórias, ou reclamar desse mundo que não responde aos meus berros desvairados por atenção e um pouco de beleza. 
Não!
Estas palavras que escrevo tão atenciosamente quanto o musico dedilhando seu violão, melodias em um barzinho sem iluminação, são para demonstrar minha gratidão. Agradeço ao tempo, e a experiência que ele carrega e me entrega, as histórias que me revela pra escrever, as mudanças de humor, minhas quatro estações e as mudanças que só são possíveis pela imutável realidade desse rio que é a vida, que esta sempre se metamorfoseando, mudando. Mas principalmente a paciência... Que esta garota do já esta aprendendo a ter.
Fecho os olhos quando tudo parece inacabado, torto, errado, não represo as lágrimas, imediatas caem, mas a brisa rara, rala em meu rosto me trás algum conforto, mãos e braços que me abraçam e secam meu rosto. Esperar é meu desafio, e a cada dia estou esperando na impaciência, minha arma é a contemplação, admirar é meu contento, e divagando sobre isso consigo conviver com meu amigo tempo. 




sexta-feira, 4 de maio de 2012

Perfeito... Exatamente o que tento expressar!


QUOD ME NUTRIT ME DESTRUIT II

Não preciso me encontrar. Eu já sei quem sou. Não busco nada além disso.
Estou satisfeita com minha insatisfação, e feliz por ser diferente.
Se viver até o fim, imaginar até o fim, gemer até o fim a dor realmentente inventada dessa pobre alma que vos fala significa perder todo o resto, aceito a condição.
E se sinto, vejo, vago, já não me importo com o pão. Quero o vinho!

QUOD ME NUTRIT ME DESTRUIT


Sou perdida, dividida, quebrada. Todas essas verdades me constituem. Nada é fácil, simples ou calmo, tudo consome. Mas eu amo tudo, que mesmo doloroso me faz quem escreve esses textos confusos e repetitivos.
Tenho medo de tentar consertar algo e no fim descobrir que estava exatamente como foi feito pra existir, fazer analise e perder a inspiração.
Meu peito dói, voltei a chorar, no fim simplesmente quero me fechar, porque pior que não mostrar o que mais gosta em si e mostrar e mesmo assim não chegar a lugar nenhum.

Não o que quero, mas o que preciso...


As vezes penso em entregar-me a essa vaga e bucólica idéia que é viver o vázio, esse lugar tão acolhedor que é a ignorância de si. Sinto a pressão de não saber de mim mais do que posso simplesmente supor, asfixia, e me perder a cada esquina achando que poderia em outra qualquer me surpreender.
O que me resta é aos poucos ir montando um ser que é puro reflexo do que os outros podem ver, ou seria criar um que seja a pura imagem do que quero transparecer?! Enfim... E a partir daí achar que isso é saber.
Cada tentativa parece-me patética e inútil, visto que o mais próximo que cheguei foi lugar nenhum.
Passei noites pensando e criando, divagando, tentando fazer com que os outros me mostrem o que sou, quem sou.
Em minha cabeça agora um homenzinho repete infinitamente como um mantra estes fragmentos de pensamento "Menina, pequena, o mundo não gira ao redor de tua saia rodada ou teu coração partido. O teu ar não é só teu. Expande, aumenta, cresce, enxerga que o tudo na mão do tolo é nada, um dom pra uma garota mimada é capricho... Não deixa passar, não deixe-se perder. Ame com fervor o que tens de melhor a oferecer!"
Ando, fujo, de utopia a utopia vou seguindo. Meu abismo imaginário habita mais que o desejo involuntário de me jogar dos últimos andares dos prédios ou em frente aos carros nos momentos de tempestade. Creio que não seja só a gravidade me chamando, mesmo que sedutora, creio que há o motivo. Não quero cair no esquecimento, tenho a necessidade de deixar algo que marque a terra, anseio provar que não estamos largados no universo em milhões de fragmentos dispersos as simples vontades do destino, ou o que está escrito no grande e pesado livro de Deus.
Gravo, rasgo, fixo na carne em brasa, em folhas de papel ou nos gritos surdos dos meus passos o que amo, o que quero e busco, e mostro para crer que não sinto sozinha, interligamos. No cheiro de alma queimada carrego a esperança de deixar um pouquinho do que acho que poderia ser se fosse.
E ainda que esporadicamente sinta o cansaço de pensar e perca-me na distração das coisas banais, que ache que perdi o tino de meus poemas sujos, encantados poemas, espero que anjos vestidos de sabedoria e compreensão me levem de volta...
Um aviso, não me julgue, nem me mude, não me queira diferente, nem me cobre... Pois o julgamento é característica do que é divino e o mundano tem essa mania de tomar, a mudança é interna, o bem querer vem do querer como se é e a cobrança murcha a essência... Deixe fluir!
Mas como amigo, caro amigo, lamento informar-lhe que agora estas preso a obrigação de me ajudar, me abrir os olhos. Como eu sempre digo... Mesmo que eu não queira!