*J'ai peur de devenir un adulte sans rêves*

terça-feira, 23 de julho de 2013

Faísca

Andou em todos os lugares.
Buscou no olhar todas as respostas.
Vagando. Viveu. Ah vida.
E a cada noite cuspiu em um prato. Nunca repetido.
Chupou limões e lábios sem sentir a diferença.
Caminhando perdeu as crenças.
Sem fé seguiu sozinho.
Não tinha pai, mãe, irmãos ou abrigo.
Mas tinha fome de pão e de vinho.
a carne só lhe era vauvola de escape.
Nunca deixou de ser homem. Para isso antes precisaria ter sido.
Nasceu bicho. Viveu bicho. E morreu.
Não fez falta.
Não foi corpo. Só carniça.
Almoço de urubus e corvos.
Nada de 7 palmos.
Nada de choro histérico.
Nada de epitáfio.
Abaixo somente o solo.
As engrenagens nunca pararam. Não para percebe-lo.
Era mais um escorraçado.
passou direto. Despercebido.
Nem se deram o trabalho de tira-lo do caminho.
No fim apenas uma faísca ao vento.
Ou um nada. Invisível.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Clareza noturna

O que se passa?
Aonde está?
O que deseja?
Vejo teus olhos duros, secos.
A vida fez isso contigo.
Mas não esquece o que já foi visto.
Você sabe aonde achar.
Tão forte. Tão bonita.
Parte a casca. Vem olhar.
Frágil menina. Doce menina.
Criança escondida, perdida.
Assustada com a velocidade dos dias.
Quer se encontrar.
Se procura no espelho, nas ruas.
Vasculha o corpo inteiro.
Um mundo de pele a se apresentar.
Volta pro centro.
Se vira do avesso.
Quando visto de dentro. Visto inteiro.
Do que és feito?
De vontades. Anseios.
Do teu lado doces Beijos.
Quando esbarra em teu peito.
Olhos negros. Outro beijo.
Se envolve.
Muitos braços. Muitos pêlos.
Se desprende do que busca e se perde em volúpia.
O cheiro do incenso e do sexo ludibria.
O ritmo aquece o corpo inteiro.
Enfim, ali se sente inteiro.
Com mel passando dos lábios aos seios.
Em orgasmos enverga a insegurança.
E ofegante garante seu sono.
Seus sonhos flutuando longe.
Sentindo toques. Sentindo cheiros. Em sua nuca saliva e uma mão em seus cabelos.

Destino do vento

A verdade é que nao sei o que você quer.
Não sei o que você pensa.
Enquanto sinto que te conheço, você nega que me enxerga. Me deixa aflita.
Você é a dura rocha. E eu sou o próprio ar.
Enquanto danço no tempo e me entrego inteira, você não sai do lugar.
Assim, sempre o mesmo, em tudo se faz confiável.
Mas de mim nada entende.
Diz que não me conhece, não vê, nada se prende.
E meu coração descontente se põe a sangrar.
Sim, sou leve mas não vazia.
Empurra tudo pro canto e me preenche de ti. Toda tua honestidade me tira o ar. Sua verdade é dura e as vezes machuca.
Perco o fôlego com teu beijo.
Sinto dor, força, paixão, desejo.
Mas quando me olha nos olhos me vem outra coisa.
A força que no toque me lembra paixão, no olhar desconfiança.
E quando digo o até então indizível não me respondes. Não corresponde. Sinto que as vezes em vão.
Tudo de mim está sobre a mesa.
Toda destrinchada em pequenos pedaços.
Servi meu coração na bandeja de prata.
E ainda não me compreendes?
Você diz que até ver o que procura o que faço é mentira.
Tenho medo de falar e nunca acreditares.
Como faço pra confiar neste sentimento verdadeiro? Se sozinha me entrego. Te dedico minhas lágrimas. Me atiro.
Começo a acreditar que serei a única magoada. A única ferida.
O ar não se protege.
Aprendi a suportar a dor, lamber as feridas.
Mas que vento sentimental.
Tem alma de artista.
Faz tempestades em copos d'agua.
E do amor não vê saída.
O jeito é abrandar. Até encontro um estranho prazer nas idas e vindas.
A cada solavanco que a vida dá percebo que não estou morta.
Para o vento viver é acreditar que o tempo vai colocar tudo em seu lugar ou simplesmente deixar flutuar até encontrar a saída, algum lugar bom, seu destino. Aí está...

terça-feira, 2 de julho de 2013

Dias quentes, corpos frios.

Se este é o fator então está ferido;
Nos braços de Morfeu seu único abrigo;
Rio de lágrimas para se banhar;
Barca furada, tenta navegar;
Coração ferido para curar;
Ilusões para amar;
Utopias para desejar.
Mente vazia e devagar;
Um peito apertado;
Uma garganta sempre seca;
Um querer, assim, latente;
Desistiu
Reprimiu.
Quarto escuro, existência fechada;
A vida resumida a uma caixa de restos mofados.
Subsiste
É fato.
Não se move;
Não levanta;
Tudo é fardo;
Tão cansado,
Não reclama.
Cama nunca feita;
Deitado simplesmente se deixa.
Morto ainda em vida.
Que vida...