*J'ai peur de devenir un adulte sans rêves*

sexta-feira, 27 de abril de 2012


Vi um menino chorando. Lágrimas que nunca serão minhas, ainda assim tentei entender. As vezes me sinto meio distante de todos, alguns sentimentos me fascinam e até me causam inveja. Há muito tempo lembro-me de quase sentir algo assim, mas antes que qualquer sofrimento pudesse me atingir tranquei tudo dentro de mim, em algum lugar que nem eu reconheço mais.
Agora, considerando o que me tornei não sei exatamente o que sentir... Por um lado pareço forte, não me levo nem apego a ninguém. Nenhum mal ou tristeza pode abalar a estrutura que mais amo e dou importância, eu mesma. Em contrapartida vez ou outra sinto-me incrivelmente sozinha, cansada. Sinto a dor pela falta da dor. E em vez de enxergar a fortaleza refletida no espelho só consigo ver decadência, medo, fraqueza... Sim, pois pra mim é claro, tudo isso se resume em privação, de sentimentos, de atos, de amor.
Correndo o risco de cair novamente em um dialogo comigo mesma e entrar no maior clichê que já tive, não me acho capaz de sentir algo real, fico repelida só de ouvir a palavra amor. Inclusive agora estou relutando a cada palavra, elas vão me rasgando aos poucos, a cada impulso, é como ter medo de arrancar o curativo de uma vez e deixar a ferida reabrir, jorrar.
Sou um ser dividido, fragmentado. Em vários aspectos, senão todos. Gosto de achar que quero tudo simples, estar com alguém e quem sabe, por sorte ser amada. As vezes, me olho atentamente e o que vejo é uma pessoa que sente prazer na auto-destruição, nos dramas e nessa depressão que me imponho.
Procuro, e mesmo sendo repetitiva, busco amor, algo forte que me tome. Pra prende-lo e destruí-lo em mim, sofrimento doce e depois recomeço, novamente procuro. Agora quero gritar, me debater até sair dessas amarras. Quero alguém como eu, que goste do que eu gosto, que sinta como eu sinto, que encare a minha loucura com a mesma beleza peculiar que eu, que diga que não quer nada enquanto quer tudo, que me segure com força e não deixe escapar, e mesmo que eu machuque, a nós, saiba o que está abaixo dessa minha superfície de pele, carne e insatisfação. Que derrube cada obstáculo meu sem medo do abismo que pode vir depois, e me ganhe, mesmo que seja à força, aliás eu acho que até preferiria que assim fosse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário